CONDIÇÕES IDEAIS

A temperatura do ambiente onde se realiza a compostagem é muito relevante no processo de transformação da matéria orgânica. Normalmente, quando os resíduos orgânicos são transformados, o calor produzido pelos microrganismos perde-se e os resíduos não aquecem. No entanto, quando a compostagem de resíduos orgânicos é feita com recurso a condições controladas, como é o caso dos compostores, o calor produzido, resultante da oxidação da matéria orgânica é acumulado e a temperatura pode chegar aos 70ºC.

Para compreender melhor a variação da temperatura durante o processo de compostagem, foram identificadas 4 fases principais. Para ajudar a identificar as fases deste processo, utilize um termómetro para medir a temperatura no interior do seu compostor.

Se o processo já está a decorrer há mais de 7 semanas, com pelo menos 2 revolvimentos, a temperatura ambiente no interior dos resíduos indica que a decomposição está concluída e o composto está maduro e pronto apresentando-se quebradiço se seco; moldável se húmido; cheira a terra e não suja as mãos.

Dica: Se, passadas cerca de 7 semanas, após revolver os resíduos verificar que não existe uma subida da temperatura, tal significa que o processo de compostagem terminou e o seu composto está pronto a ser removido e utilizado.

O pH é uma escala adimensional que traduz as condições de acidez, neutralidade ou alcalinidade de um meio. Os valores variam entre 0 e 14, sendo que 7 é neutro, 0 representa a acidez máxima e 14 a alcalinidade máxima. O pH é um indicador do estado da compostagem dos resíduos orgânicos.

No início do processo de compostagem, como resultado da transformação da matéria orgânica por fungos e bactérias, há a libertação de ácidos fazendo o pH descer para valores abaixo dos 5. Se existir escassez de oxigénio, o pH poderá descer para valores abaixo dos 4,5 e limitar a atividade dos microrganismos. Neste cenário, a solução passa por revolver os resíduos orgânicos promovendo a entrada de oxigénio.

Ao longo do processo estes valores voltam a subir situando-se entre os 5,5 e os 8,5, que é apontada como a faixa ótima para atuação dos microrganismos referidos anteriormente.

A estabilização do composto acontece quando os valores de pH se situam entre os 7 e os 8.

Os valores de humidade têm grande importância neste processo. Caso o teor de humidade seja inferior a 40%, esta torna-se um fator limitante: a atividade dos microrganismos diminui. Se a humidade descer abaixo dos 20%, a atividade dos microrganismos cessa e o composto resultante não é biologicamente estável.

Por outro lado, quando o teor de humidade é superior a 60% os espaços entre as partículas passam a ser ocupados por água não deixando espaço para o oxigénio, passando este a ser o fator limitante da atividade dos microrganismos. Além disso, a falta de oxigénio pode conduzir a processos anaeróbios (processos de degradação de matéria orgânica que ocorrem na ausência de oxigénio) que vão originar uma compostagem mais lenta, composto com má qualidade e produção de maus cheiros.

Dica: Aperte nas mãos um pedaço de composto. Se verificar que fica com as mãos húmidas, significa que o composto tem a humidade suficiente. Caso verifique que o composto está demasiado seco, adicione um pouco de água e revolva os resíduos. Se escorrer água no momento em que aperta o composto adicione materiais castanhos aos resíduos e revolva-os.

A degradação dos resíduos orgânicos, na presença de oxigénio (O2), conduz a uma compostagem sem formação de maus cheiros.

O oxigénio é assim essencial para que ocorra a oxidação biológica do carbono que compõe os resíduos orgânicos, conduzindo à libertação de energia que vai permitir aos microrganismos realizar a decomposição. A energia que não é usada para o metabolismo dos microrganismos é libertada sob a forma de calor.

A decomposição da matéria orgânica pode ocorrer na presença de oxigénio (processo aeróbio) ou na sua ausência (processo anaeróbio).

O que se pretende é que a compostagem ocorra em condições aeróbias, com a conversão da matéria orgânica em água (H2O), dióxido de carbono (CO2), compostos inorgânicos e matéria húmica. Quando a degradação de matéria orgânica não ocorre nestas condições, o azoto não é totalmente convertido, formam-se compostos que não estão totalmente oxidados como ácidos voláteis, metano (CH4) e outros compostos que contém enxofre (S) e que produzem maus cheiros. É então importante garantir que o fornecimento de oxigénio aos microrganismos se mantém constante e que estes conseguem assegurar o seu trabalho. Assim sendo, o arejamento é um fator chave para uma compostagem mais rápida, sem formação de odores e sem presença de moscas e outras pragas.

Os resíduos que adicionamos ao compostor devem ser fragmentados em pedaços de pequenas dimensões para permitir uma fácil decomposição da matéria orgânica pelos microrganismos. O ideal é que os materiais utilizados não tenham uma dimensão superior a 20 cm de diâmetro.

O processo de decomposição da matéria orgânica inicia-se junto à superfície das partículas, onde exista oxigénio difundido na película de água que as cobre, e onde os resíduos sejam acessíveis aos microrganismos e às suas enzimas. Como as partículas pequenas têm uma superfície específica maior serão decompostas mais rapidamente, desde que exista arejamento adequado.

Dica: Os materiais adicionados devem ser cortados em pedaços pequenos, mas não em demasia, de contrário aumentam os riscos de compactação e falta de oxigénio.

Para uma compostagem mais eficiente devemos utilizar uma mistura de materiais castanhos, ricos em Carbono (C) com materiais verdes, ricos em Azoto (N). Os materiais ricos em carbono fornecem a matéria orgânica e a energia para a compostagem e os materiais azotados aceleram o processo de compostagem, uma vez que o azoto é necessário para o crescimento dos microrganismos.

O Carbono e o Azoto constituem fontes de energia importantes para o crescimento dos microrganismos.

Vários estudos apontam para uma relação C/N de 25 a 35 para o sucesso de uma boa compostagem. Normalmente, os microrganismos utilizam 1 parte de Azoto (N) para 30 partes (em peso) de Carbono.

Para relações C/N elevadas (acima da razão C/N (30:1)), a falta de Azoto irá limitar o crescimento dos microrganismos, o Carbono não será todo degradado e a temperatura não aumentará.

Para relações C/N inferiores (abaixo da razão C/N (30:1)) o Azoto pode perder-se por volatilização, na forma de amoníaco. Além de odores desagradáveis, o Azoto torna-se limitante para o crescimento dos microrganismos, tornando o tempo de compostagem progressivamente maior.